ITÁLIA ELEGE SUA PRIMEIRA MINISTRA DA EXTREMA DIREITA 100 ANOS DEPOIS DO SURGIMENTO DO FASCISMO NAQUELE PAÍS
Tomou
posse no sábado, 22 de outubro, a nova premiê da Itália, Georgia Meloli, eleita
pela liga Fratelli d’Italia, (Irmãos
da Itália) agremiação partidária de tendência extremista, por defender demandas
que criminalizam a imigração, refugiados, etc. Além do mais, defende pautas
conservadoras como a não permissão de casamento entre LGBTQI e anti aborto. O que mais chamou atenção no episódio de
sábado, posse de Meloli, foi ter sido a primeira vez depois do fim da segunda
guerra mundial que a Itália elegeu uma primeira ministra com posições
neofascistas.
Desde
jovem, com 15 e 16 anos de idade, Meloli já havia se integrado a grupos militantes
neofascistas, atuando em manifestações contrárias a grupos comunistas. Há
algumas coincidências curiosas relativas ao pleito que elegeu Meloli para a
Itália. A primeira delas se refere a data do dia 29 de outubro próximo, quando
estará completando um século da fundação do fascismo no Itália, por Benito
Mussolini.
Na
realidade o processo de fundação iniciou dois dias antes, no dia 27 de outubro
1922, com a marcha dos camisas negras, saindo da cidade de Nápoles e terminando
em Roma, no dia 29. O segundo fato curioso é que no dia 30 de outubro, um dia
após o centenário do nascimento do fascismo na Itália estarão ocorrendo no
Brasil uma das eleições mais tensas e decisivas de todos os tempos, podendo,
conforme o resultado das urnas, estarem sacramentado no Brasil um regime com
viés neofascista.
Benito
Mussolini permaneceu no poder por 23 anos, cujo programa de governo inspirou
outros estadistas, como Hitler, nomeado chanceler da Alemanha em 30 de janeiro
de 1933. Hitler foi um dos mentores do Nazismo, um sistema de governo tão ou
mais violento que o fascismo italiano. Outros países da Europa seguiram a mesma
direção da Itália/Alemanha, ou elegendo governos ditatoriais como Salazar em
Portugal e Franco na Espanha, ou por meio de regimes colaboracionistas durante
a segunda guerra, como a França, Bélgica, Noruega.
O
fascismo, o Nazismo e as duas grandes guerras mundiais, ambos se notabilizaram
como verdadeiras tragédias humanitárias. Acreditava-se que jamais a humanidade
um dia viesse a repetir acontecimentos traumáticos. Os conflitos desencadeados
como a ocupação da Ucrânia pela Rússia e os avanços dos partidos ultra
direitistas que venceram as eleições ou obtiveram inúmeras cadeiras nos
parlamentos europeus, são demonstrações de que a humanidade mais retrocede que
avança.
Como
imaginar um país na estatura da Itália, berço de civilizações milenares, onde
também teve origem os fundamentos do direito clássico ocidental, em pleno
século XXI, retrocederem umas gerações na história a ponto de eleger alguém que
tem Mussolini como referência de estadista. Claro que retrocessos políticos e
sociais não são exclusividade na Itália entre outras sociedades desenvolvidas,
o Brasil também aparece no rol de nações que insistem em querer repetir erros
cometidos no passado, como os trágicos vinte anos de ditadura militar.
Enquanto
Meloni enaltece figuras tão nefastas para a humanidade como Mussolini, no
Brasil, o candidato a reeleição, Bolsonoro, exalta figuras escrotas como
Brilhante Ustra, um dos maiores torturadores do regime militar. O ditador
chileno Augusto Pinochet e o paraguaio Alfredo Stroessner também torturar e
sanguinário completam a lista de personagens ilustres que provocam orgulho ao
presidente brasileiro. Na Itália, a guinada política mais à direita já havia
sido constada nas eleições de 2018, conforme os mapas eleitorais do país exibidos
abaixo.

Em
2013 o mapa político italiano se mostrava mais diversificado com mesclas de
azul, vermelho e amarelo. A cor azul representa as forças de centro-direita; o
vermelho, a centro-esquerda, e o amarelo, o movimento cinco estrelas, que
não se define como um partido, mas um movimento, cujo propósito é deslocar
partidos tradicionais para assegurar cidadãos comuns ao poder sob a forma de
uma democracia direta a partir da internet.
Na
eleição seguinte, 2018 as cores ficaram mais concentradas, sem manchas
espalhadas por todo território italiano. O único reduto vermelho que aparece é
na região de Roma, onde estão as universidades, ou seja, a intelectualidade
italiana, que mantém viva os ideais socialistas. No norte do País, região mais
industrializada e desenvolvida economicamente, o azul foi predominante,
revelando forte conservadorismo. O sul, e as Ilhas da Cicília e Sardenha, cuja
predominância foi o amarelo, demonstrou certa negação a política tradicional,
haja vista que essas regiões, tradicionalmente foram dominadas por grupos
políticos tradicionais vinculados a atividade rural.
Agora
observemos o mapa eleitoral para o parlamento italiano ocorrido em setembro de
2022. Observe a cor azul, que representa a centro-direita, que está espalhada
por todo o território. O vermelho permaneceu apenas em Roma e cidades do
entorno e na extremidade superior, na região de Turim, onde estão grandes concentrações
de operários que atuam na atividade automobilística.
Convém
fazer algumas considerações comparativas entre o processo eleitoral da Itália e
do Brasil. Existiam semelhanças entre ambos, entretanto, do modo invertido.
Enquanto o sul da Itália, menos desenvolvido, prevaleciam forças políticas arregimentadas
na figura dos mandantes tradicionais, os coronéis, no norte, mais
industrializada, o sistema político partidário é mais pulverizado, predominado
por forças políticas burguesas. No Brasil, norte e nordeste se assemelham ao
sul da Itália, enquanto o sul/sudeste apresenta características econômicas e
culturais muito parecidas com o norte daquele país, região mais desenvolvida.
Vendo
os mapas acima, que exibem cenários eleitorais de 2018 e 2022, cuja cor azul
representa votos a favor da direita/extrema direita e o vermelho, a
esquerda/centro esquerda, o que chamou a atenção foi perceber que houve o
crescimento da cor vermelha no sul/sudeste e centro oeste, e de certa estabilização
da cor azul nessas mesmas regiões. Situação bem parecida do que ocorreu na
Itália, na eleição de setembro último, que também teve um avanço vertiginoso
das forças conservadoras no país.
Na
ilustração abaixo está a imagem da candidata Georgia meloli eleita e algumas de
suas demandas aprovadas por ampla maioria do povo italiano. Dentre as propostas uma se refere a vacinação,
na qual defendia o fim da obrigatoriedade. O próprio governo Bolsonaro manteve
o mesmo posicionamento durante a fase mais critica da pandemia, pondo em questionamento a eficácia da vacina e
sugerindo tratamentos paliativos. O resultado foi mais de duzentos mil mortos
pela Covid 19 que poderiam ter sido evitados se o governo admitisse desde o
início que a vacina era o único tratamento eficaz.
Prof.
Jairo Cesa
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