O PNE (Plano Nacional de Educação) e o PEE
(Plano Estadual de Educação/SC), e suas propostas de AJUSTAR A EDUCAÇÃO seguindo a ótica do capital
Com a homologação do PNE (Plano Nacional de
Educação) pela Presidente da República, ato que poderia ter se constituído em
uma grande festa da sociedade brasileira, se traduziu em retrocesso quando o
assunto é Educação Pública. Isso se deve ao fato do plano permitir que a
educação brasileira possa ser tratada como um negócio, transformando escolas
públicas secundárias e superiores em ambientes propícios para formação rápida
de um exército de trabalhadores/educadores disponíveis para o mercado. Em
qualquer país cujo índice de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é
considerado elevado, os planos nacionais de educação sempre privilegiam o
público em detrimento do particular, isso se dá a partir da pré-escola, se estendendo
até o nível superior. No Brasil, o pleno deixa explícito que a educação não é
ainda tradada com seriedade pelos governantes, principalmente o nível infantil proporcionando
aos municípios a articulação de parcerias com instituições filantrópicas e
particulares, financiadas por recursos públicos. Com a educação secundária o
processo não é diferente. A impressão que fica é de que estamos retrocedendo,
voltando à década de 1970, época dos governos militares, do milagre econômico,
quando as instituições de ensino médio tiveram seus currículos estrategicamente
adaptados à lógica mercantilista.
A reforma educacional brasileira ocorrida no
final da década de 1990 se caracterizou pela adequação da estrutura de ensino
ao novo modelo de produção pós-fordismo. Os problemas estruturais das escolas
públicas, a desqualificação dos profissionais do magistério, a ineficácia de
políticas de estímulo à carreira, entre outras tantas, embasaram as décadas
posteriores à reforma podendo ser comprovadas a partir dos indicadores como o PISA
de 2012 que colocou o Brasil numa
posição ridícula, entre os 65 países avaliados. Ficou em 58° em matemática; 55°
em leitura, e 59° em ciências. São notórios que estes indicadores vergonhosos
refletem exatamente o modo como os atuais governos federais municipais e
estaduais vêm tratando a educação pública. Além dos parcos recursos disponibilizados
para o financiamento do ensino, parcela desse montante se perde pelo caminho engolido
pela burocracia e corrupção dos gestores estaduais e municípios, que as
utilizam para fins escusos como o financiamento das campanhas eleitorais.
Todos os países que hoje alcançaram elevado
grau de desenvolvimento social e econômico tiveram a educação como prioridade,
cujos investimentos do PIB sempre oscilaram entre 20, 30 ou demais valores
percentuais. No Brasil, até pouco tempo os percentuais do PIB mal ultrapassaram
os 5%, insuficiente para um país que deseja se integrar ao nível das grandes
potências. Diante dessa realidade, os setores organizados da sociedade
pressionaram o governo para elevação imediata do percentual de investimento
público para 10%. Alegando insuficiência
de caixa para atender emergencialmente as reinvindicações solicitadas, o
governo aprovou em junho de 2014 o PNE (Plano Nacional de Educação) no qual
estabeleceu vinte metas para educação, dentre elas a elevação progressiva do
PIB para educação em 10% até 2024, recurso que será proveniente dos royalties do
Pré-Sal. A vinculação dos royalties como único recurso destinado ao
financiamento resultou em críticas acirradas dos movimentos ligados à educação
pelo fato das reservas e sua extração serem uma incógnita, sem previsões para começar,
com o agravante de que o controle da extração, comercialização e o capital
adquirido serem repassados para as mãos das companhias multinacionais.
O uso das verbas do Pré-sal como moeda para o
financiamento da educação negligencia dispositivos constitucionais que obriga o
Estado brasileiro a garantir orçamento mediante tesouro nacional limitando
qualquer condicionante ou atrelamento a certos bens finitos como o petróleo,
cujas reservas não são seguras e tendo sido fatiadas por grandes corporações
sedentas por lucros. De acordo com levantamentos, na melhor das hipóteses dos
governos puderem cumprir suas metas em relação a transferências dos royalties
do petróleo para educação, até 2024, em vez dos 10% previstos, o montante
disponibilizado ficará entre 0,2 a 0,4%, muito a quem dos 10% estipulados pelo
Plano.
Se for realizado estudo completo para avaliar
a dimensão alcançada pelos planos educacionais lançados pelos governos passados,
notar-se-á que, sem exceção, nenhum deles teve suas metas atingidas na sua
plenitude. Continuam as escolas públicas estaduais e municipais ainda em condições
tão precárias que pouco ou nada se diferenciam daquelas do início do século XX, verdadeiros casebres. Falta no Brasil uma política que torne a educação
compromisso específico do governo federal, transformando escolas de todos os
níveis e profissionais, em estruturas regidas por uma única legislação, com
planos de carreiras, currículos e pisos salariais únicos. Precisamos lutar para
que o projeto de lei do Senador Cristóvão Buarque, que defende a federalização
da educação pública brasileira, seja aprovado e vire lei.
O que se vê no Brasil é um total
descumprimento dos programas educacionais estabelecidos, bem como a falta de
critérios quanto à aplicação dos parcos recursos disponibilizados tanto para
reformas dos estabelecimentos de ensino como para a aquisição de material
didático. Circulando por algumas bibliotecas, quando existem, é claro, de
escolas públicas estaduais de Santa Catarina, se nota uma avalanche de cartilhas,
manuais, planos curriculares, entre outras tantas materiais de apoio que ainda
se mantém encaixotados e intacto nas estantes sem jamais ter sido consultado.
Sem contar a infinidade de cartilhas didáticas que a cada dois ou três anos perdem
sua validade sendo substituída por novos carregamentos de livros, que
apresentam discretas alterações quanto aos conteúdos e metodologias em
comparação a edição anterior. Afinal de
contas o que está por traz dessa política dos livros didáticos? Como funcionam
as licitações, se há licitações, na escolha das editoras que distribuem tais
materiais para as escolas brasileiras. Outra questão que merece reflexão acerca
da imensidão de livros didáticos distribuídos às escolas públicas brasileiras é
o discreto resultado obtido em termos de
melhoria da qualidade na educação.
Se o Brasil, entre os sessenta e cinco países
pesquisados, vem assumindo as últimas posições no quesito competências em
matemática, literatura e ciências, a causa, certamente, não estaria na escassez
de fontes ou material de apoio para a elaboração dos currículos e das
atividades em sala de aula. Estaria, portanto, à baixa eficiência das escolas
públicas a desqualificação dos profissionais pelo fato de terem realizado os estudos
acadêmicos em instituições de ensino superior com pouco ou nenhum comprometimento
com o processo criativo dos educadores? Talvez seja essa entre outras tantas
variáveis que devem ser consideradas para compreensão do fracassa do processo
educativo brasileiro. Mas é bom que se diga que o motivo da baixa eficiência
escolar pode estar no fato da educação
no Brasil ainda ser encarada como algo não intrínseco à cultura. Do mesmo modo
que quando nascemos precisamos nos alimentar, dormir, escovar os dentes, tomar
banho, etc. a educação escolar poderia ter o mesmo princípio. Isso, chamamos de
cultura.
O PNE aprovado em 2014, seus protagonistas
admitem que a intenção do plano é reestruturar o sistema educacional brasileiro,
como forma de eliminar as disparidades existentes nos diferentes seguimentos de
ensino equiparando os currículos segundo parâmetros comuns. Para mensurar os
resultados e a qualidade educacional, o PNE adota como referência estatística o
IDEB (Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico), que peca pelo fato de
excluir da avaliação aspectos extraclasse, estruturais e socioeconômicos dos
estudantes. Esse instrumento avaliativo permite que as escolas com melhor
estrutura tenham resultados mais satisfatórios que outras. Nesse sentido as unidades
de ensino melhores ranqueadas terão por sua vez preferência dos pais no momento
de matricularem seus filhos, resultando por consequência no esvaziamento e
eventual fechamento das demais unidades que não atingiram as metas propostas.
Além do mais tanto o IDEB quanto o ENEN se constituem
em instrumentos hegemonizantes de um tipo específico de saber
institucionalizado, discriminando ou desconsiderando outros saberes não
formalizados construídos no cotidiano dos ambientes onde a escolar está situada.
A inserção de programas de financiamento educacional como o ProUni (Programa
Universidade Para Todos) e o FIES (Financiamento do Ensino Superior) se
constituíram como processo de incentivo à expansão das corporações de ensino
superior no Brasil. Não há no PNE qualquer dispositivo determinando que tais políticas de
financiamento sejam provisórias até o instante que as demandas por ensino sejam
supridas mediante a expansão das universidades públicas. Nada disso. Expressiva
parcela das Universidades Públicas Federais e de excelência, a cada exame de
seleção às vagas das principais áreas profissionais como medicina e engenharias
é preenchida por estudantes oriundos das escolas particulares ou de aplicação,
cujos investimentos durante sua vida estudantil ultrapassaram
significativamente os patamares disponibilizados para os das escolas públicas.
Restando aos estudantes menos aquinhoados, como alternativa, optar por uma das
milhares de instituições particulares que se utilizam de todas as artimanhas e
manobras possíveis para atrair mais e mais novos clientes, oferecendo cursos relâmpagos,
dispensando a obrigação de apresentação de projeto ou pesquisa de conclusão de
curso. O mais bizarro nisso tudo é a possibilidade de poder cursar o ensino
superior via internet, sendo é claro, hoje mais indicado para as áreas técnicas
e ciências humanas. Acreditem, em pouco tempo serão oferecidos cursos para
medicina, engenharias, odontologia, etc. Já imaginaram?
Dentre as áreas oferecidas e mais procuradas
nos cursos a distância estão as
licenciaturas que lançam no mercado anualmente uma avalanche de novos
professores, muito dos quais despreparados para o exercício docente. Afinal, qual
a concepção de sujeito e sociedade que
tais instituições de ensino procuram inserir no imaginário dos estudantes,
futuros educadores? Se tais instituições de ensino particular, avalizadas pelo
Estado, tem por meta a expansão da oferta de vagas para atrair novos clientes,
o ensino, nessa perspectiva, perde em absoluto sua premissa de algo que
transcende a lógica do mercado, assumindo uma concepção de produto ofertado e pautado
pela lei da oferta e da procura.
Se for realmente o mercado que dita o ritmo
de crescimento da sociedade balizada pelas taxas de elevação do PIB anual, esse
mesmo vetor omite os reflexos dessa elevação do consumo na intensificação dos
impactos aos ecossistemas e nas relações interpessoais. Diante dessa realidade
um tanto quanto otimista que coloca o Brasil numa condição de país privilegiado
entre as economias europeias em franca recessão, a escassez de mão de obra
disponível para atender a demanda do mercado em expansão, levou o governo
brasileiro a concentrar esforços na disseminação de escolas técnicas por todo
território nacional. Nessa perspectiva, o mesmo mecanismo adotado para
facilitar a entrada de estudantes nas instituições de ensino superior, através
do PROUNI e o FIES, foi adotado nas escolas técnicas federais e estaduais através
da criação do PRONATEC. Milhões de estudantes, com a conclusão do ensino
fundamental podem acessar ao ensino técnico gratuito cujas disciplinas
oferecidas são diluídas ou simplificadas, não tendo essa categoria de
estudantes o mesmo conjunto de conhecimentos ofertados àqueles que almejam ingressar
no ensino superior.
Tal dispositivo fere princípios assegurados
tanto pela LDB, Art. 22, que diz que educação básica tem por finalidade
desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o
exercício da cidadania e fornecer-lhe meio para progredir no trabalho e em
estudos posteriores, como pela Constituição Federal, no seu Art. 205 onde
afirma que a educação, é um direito de todos e
dever do Estado e da família, que será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Portanto,
quando o estudante tem que escolher entre uma das duas modalidades, básica ou
técnica, tal postura lhe precede uma diferenciação que é vetada por ambas as
leis. O PNE há de se considerar, estabelece como proposta de certo ponto inovadora
quando estabelece a garantia de educação pública integral. No entanto, hoje no
Brasil poucas são as escolas com condições ideais para proporcionar tal
modalidade de ensino integral, muito menos condições estruturais apropriadas e
qualidade para os estudantes
matriculados no sistema tradicional.
Poucos dias depois da aprovação do Plano Nacional,
a SED (Secretaria de Estado e Educação de Santa Catarina) surpreendeu os
profissionais da educação com a divulgação da Proposta Preliminar do Plano Estadual
de Educação, sem que fossem realizadas de forma mais democrática possível as Conferências
Municipais e as por Unidade de Ensino como determina o plano nacional aprovado
em junho de 2014. O que emblemático nessa proposta preliminar é o texto
introdutório quando afirma que “o conteúdo deste documento decorre do amplo
debate democrático realizado nacionalmente nos Conaes 2010 e 2014, enriquecido
pelas contribuições de participantes nas diferentes formas de mobilização
realizadas nas escolas, nas conferências livres municipais, regionais e nas
etapas estaduais. O debate resultou em documentos sistematizados que
referendaram os anseios da sociedade com relação às políticas públicas para
educação”. O que se sabe em relação aos debates,
no caso Araranguá, foi da realização de um único encontro intermunicipal para
elaboração de propostas ocorrido nas dependências do Hotel Morro dos Conventos,
entre os dias 2 e 3 de julho de 2013, coordenado pela SDR (Secretaria de
Desenvolvimento Regional) e o Fórum Estadual de Educação. Todas as propostas
elencadas no encontro se supõem que tenham sido encaminhadas para o fórum
estadual dos dias 7 e 9 de setembro de 2013, nas dependências da UFSC, onde,
também se acredita, foram elencadas as propostas e escolha dos delegados para o
Conae 2014, que seria realizado em fevereiro de 2014 em Brasília, que foi
transferido para o mês de novembro do mesmo ano.
Quando se diz que a proposta preliminar do
Plano Estadual de Educação se deu de forma democrática, tal afirmação não
corresponde à realidade, visto que, a discussão intermunicipal do Plano deveria
ter sido realizada em local que facilitasse o acesso do público, devendo o
convite ter sido estendido para todos os educadores da região e em especial a
todos os membros do SINTE, entidade que representa à categoria na região. Se
houve encontros por escolas, os próprios professores quando perguntados desconhecem
ou não têm lembranças de ter havido. Portanto, o relatório falta com a verdade
quando afirma categoricamente terem acontecido os encontros com debates acalorados
e cujas proposições enriqueceram o documento base para a etapa estadual em
setembro de 2013. Na introdução diz também que o relatório conclusivo da etapa
estadual seria encaminhado para a etapa nacional do CONAE, em fevereiro de
2014, que não houve, sendo transferido para novembro do mesmo ano. A pergunta
que todos gostariam de fazer é: Afinal, quem são os delegados escolhidos na etapa
estadual que representarão à categoria em Brasília? São pessoas confiáveis que
lutarão em defesa de uma proposta que atenda os interesses da classe ou são
meros marionetes atrelados politicamente a estrutura do poder constituído que
darão amém a tudo que for aprovado?
Acessando o Site do Conae consta na sua
página que a Conferência Nacional, que seria realizada em fevereiro de 2014 foi
transferida para os dias 19 a 23 de novembro do mesmo ano. Tem caráter deliberativo, no qual apresentará um conjunto de propostas que subsidiará a
implementação do Plano Nacional de Educação (PNE), indicando responsabilidades,
corresponsabilidades, atribuições concorrentes, complementares e colaborativas
entre os entes federados e os sistemas de ensino. Como irá encaminhar propostas que subsidiará o plano
se o mesmo já foi aprovado em junho passado pelo senado e homologado pela
presidente da República. É uma afirmação um tanto quanto insana de quem
escreveu afrontando educadores responsáveis e comprometidos com a educação. Segundo
a Portaria do MEC n. 1407 de dezembro de 2010, as conferências preliminares que
ocorreram até o final de 2013, seus objetivos seriam garantir a participação
da sociedade nas discussões pertinentes em defesa da melhoria da educação
nacional. Nesses eventos, de acordo com a portaria, os espaços de discussão estariam
abertos à colaboração de todos — profissionais da educação, gestores
educacionais, estudantes, pais, entidades sindicais, científicas, movimentos
sociais e conselhos de educação, entre outros. Nada disso aconteceu, as
conferências como as intermunicipais não cumpriram com que determinava a
portaria do MEC, portanto, não possui legitimidade quanto ao que foi deliberado
e inserido no Plano Estadual de Educação.
Sendo
assim, deveria o governo de Santa Catarina, antes de encaminhar a proposta
preliminar, esperar a realização da Conferência Nacional, para que as emendas
complementares fossem inseridas. Após essa etapa, aí sim, promover os encontros
por escolas, realizar os fóruns intermunicipais e estaduais, assegurando a
construção de um Plano verdadeiramente democrático que atendesse os anseios da
categoria. Nada disso foi realizado muito menos perspectiva otimista de que se
fará, pois se sabe que não é essa a prática do governo reeleito, que sempre
tratou a educação e os educadores, bem como os demais servidores públicos, com
desdém.
No relatório do PEE, no capítulo que trata
sobre os profissionais da educação básica, tem uma passagem retirada de um
documento nacional onde descreve que “escola exitosa é aquela que traduz a noção
de que valorizar o profissional da educação é valorizar a escola, com qualidade
gestorial, educativa social, cultural, ética, estética, ambiental”. Brasil.2013b,
P.57. Como concordar com tais absurdos quando se sabe que nada disso condiz
com a realidade das milhares de escolas espalhadas por todo o estado de Santa Catarina.
São elevados os índices de evasão e reprovação escolar. A educação integral
implementada por algumas escolas se constitui em verdadeiro fracasso. Além da
precarização do espaço físico, o problema se agrava pela falta de outros
equipamentos como bibliotecas, laboratórios, entre outros. Algumas escolas
estão caindo aos pedaços, no entanto, pasmem, muitas delas receberam
equipamentos do Estado como ar condicionado, que continuam encaixotados devido à
precariedade da rede elétrica, que necessita de reparo e ajuste para que os
equipamentos funcionem.
Em relação à valorização dos professores, os
mesmos são forçados a trabalharem com carga horária que extrapola à sessenta
horas semanais, para poderem ter uma vida um pouco mais digna. Não se sabe como
conseguem tirar um pouquinho do seu tempo para o preparo das aulas, estudar e,
por fim, aproveitar o pouco tempo livre para o lazer. Santa Catarina, dentre os
demais estados brasileiros, as estatísticas confirmam o elevado número de
professores fora da sala de aula devido às licenças para tratamento de saúde. A
maioria dos laudos emitidos pelas jutas médicas dá conta de que os professores,
que obtém licenças, apresentam como diagnóstico, doenças resultantes de estresse
ou estafa.
Em relação à gestão das escolas, ambas as
unidades de ensino são entregues a indivíduos, que embora alguns se esforcem,
não apresentam atributos ou capacidade para exercer tal função. Assumem tais cargos
por conveniência do (os) partido (os) que integram a base de apoio do governo. Essa política de má gestão das unidades de
ensino reflete diretamente no processo pedagógico, pois pela falta de
competência na área pedagógica, as escolas vêm se transformando em instâncias
eminentemente administrativas, cujas poucas reuniões realizadas durante o
período letivo, são exclusivamente para tratar de questões burocráticas,
excluindo da pauta temas imprescindíveis como políticas pedagógicas e
profissionais relacionadas à carreira docente.
Todas as sociedades que vêm conquistando bons
indicadores sociais e econômicos foram as que mais investiram em educação,
especialmente na preparação do seu quadro de educadores, garantindo-lhes
excelentes salários e infraestrutura para o exercício de suas funções. Nesses
países as áreas que mais recebem incentivos são as relacionadas às
licenciaturas, ciências humanas, sociais, cujas atribuições no preparo dos seus
profissionais são das universidades públicas. No Brasil, o processo segue caminho
inverso, as legislações vigentes permitem que os novos profissionais docentes façam
seus estudos à distância, facultando a necessidade de aulas presenciais, bem
como a obrigação de elaboração de relatórios ou pesquisas de campo, quando o
fazem a qualidade é questionável.
O que é intrigante nisso tudo, é que o PNE
estabelece mudanças profundas no quesito estrutura curricular, bem como nas
metodologias e relações entre as diferentes áreas do saber. Cumprirão as
universidades, especialmente aquelas a distância, o que estabelece o PNE, no preparo
dos profissionais de licenciatura para o bom exercício da função em sala de
aula? São dezenas, centenas de instituições de nível superior que disputam a
ferro e fogo fatias desse mercado do ensino que cresce assustadoramente no
Brasil, onde seguem critérios pedagógicos e avaliativos conforme os interesses
e as disponibilidades do cliente aluno.
Na proposta preliminar do Plano Estadual
sobre a formação profissional há dispositivos que permite parceria com
instituições superior cuja proposta é a formação inicial com qualidade para
todos os professores da educação básica. O que gera dúvidas é quanto às políticas
de parecerias que o governo pressupõe realizar para habilitar profissionais
para o eficiente exercício da carreira, especialmente na qualificação de
mestres e doutores. Enfatiza a supressão
de um ensino fragmentando por disciplinas e conteúdos desconectados, à
capacitação de docentes com extraordinária capacidade filosófica, verdadeiros
construtores do saber. No entanto, essa obrigação de capacitação filosófica e
para pesquisa não se faz cumprir nas universidades e faculdades que preparam os
novos docentes, limitando-se a reprodução de conhecimentos apostilados e
mediados por tutores pouco qualificados.
Quando ao acesso à carreira docente, o PNE
ratifica o art. 67, I, da LDB 9394/96 quando diz que o ingresso deva ocorrer
exclusivamente por concurso público de provas ou títulos. No Plano
estadual tal dispositivo foi assegurado como também defende a restruturação dos
estatutos e planos de carreiras do magistério. É sabido que em Santa Catarina
mais de 50% dos docentes que atuam nas escolas exercem a função em caráter
temporário, que é notória que não há nenhuma disposição do atual governo em
assegurar o direito de efetivação mediante concurso público, pois o último realizado
desrespeitou resoluções do edital permitindo que os aprovados acessassem apenas
com carga horária de dez horas. Se a intenção é reestruturar o estatuto
e o plano de carreira, adequando-os às novas legislações vigentes, tudo indica
que caso o faça é para sonegar direitos e não à valorização da carreira. Fiquemos
atentos acerca desse item do plano estadual que diz: “assegurar o piso salarial
profissional; progressão funcional baseada na titulação ou habilitação e na
avaliação por desempenho; período reservado aos estudos, planejamento e
avaliação, incluindo na carga de trabalho e condições adequadas de trabalho”.
Se tais proposições forem realmente implementadas, seguramente não será
por esse governo, pois, é de conhecimento de todos, para que fosse assegurada a
lei do piso, mesmo de forma precária, o magistério catarinense teve que
paralisar suas atividades por cerca de 62 dias em 2011, que resultou como
contrapartida do governo, a destruição do plano de carreira, achatando os
percentuais salariais entre os que estão no começo e fim da carreira. Não há
previsões de quando o governo irá descompactar a tabela, que segundo ele
próprio, quando perguntado por umas das candidatas ao governo, em debate na
televisão, respondeu que o fará no momento em que os recursos do pré-sal
estiverem disponibilizados.
Com a conquista do governo já no primeiro
turno, em 15 de outubro último, data comemorativa ao dia do professor, um dos
jornais de grande tiragem no estado lançou reportagem informando que o
Secretário da Educação lançaria edital visando à liberação de professores para
realização de cursos de Mestrado e Doutorado. Já o Jornal Notícias, do dia 04
de novembro de 2014, traz mais esclarecimentos sobre as vagas, datas e como se
processará a escolha dos projetos encaminhados. São 44 vagas ao todo, sendo 38
para mestrados e seis para doutorado. Cada região coordenada pela Gered terá
direito a uma vaga para mestrado, enquanto as vagas para doutorado serão
estadualizadas. Os interessados às vagas terão até o dia 15 de novembro para
encaminhar os projetos à SED. Sabendo da postura pouco confiável que a
secretaria estadual de educação vem tendo nos últimos anos, quem duvida que os
contemplados às vagas sejam pessoas com algum vínculo político ao governo.
Outro aspecto intrigante é em relação às instituições de ensino superior em que
os profissionais escolhidos irão estudar.
Em relação ao Edital n. 34/2014 que
trata sobre os cursos de Mestrado e Doutorado disponibilizados para os
profissionais da rede pública estadual de ensino, o SINTE, no seu Site, lançou
pesadas críticas ao governo afirmando que a proposta é elitista e excludente,
pois apenas contempla professores efetivos, ficando de fora os demais
profissionais como AEs (Assistentes Educacionais) e ATPs (Assistentes Técnicos
Pedagógicos). Outro aspecto merecedor de crítica em relação ao edital foi quanto ao item que trata sobre as áreas de
interesse, as prioridades e os quesitos relevantes no momento da escola dos
projetos. Nada disso está claro do documento. Além do mais, a notícia do dia 15
de outubro, dia do professor, que empolgou milhares de educadores,
transformou-se em frustração quando se soube que apenas alguns profissionais
seriam contemplados com as vagas. São milhares de educadores que esperam há
anos uma possibilidade para se aperfeiçoar. Tudo indica que deverão ficar mais
algum tempo na espera. Segundo o
governo, a meta até 2024 é especializar 75% do quadro de efetivos. Segundo o Secretário da Educação, “o
valor que será investido com esse programa não é fixo, pois depende dos
profissionais selecionados e do nível de carreira de cada um. Talvez o
investimento seja de cinco milhões de reais.”.
No que tange a proposta de redução
significativa do quadro de ACTs, hoje constituída de 16 mil, do total de 40 mil
professores, a intenção do governo é reduzir gradualmente em até cinco anos, ou
seja, em 2019 o número de efetivos deverá ser de 30 mil. Desse total, 75% serão
pós-graduados. Mais uma vez fiquemos atentos a essas informações, que tudo
indica dificilmente será concretizado pelo histórico que temos da aliança
política que se mantém no poder a mais vinte anos. Ideologicamente, com base
nos partidos que lhe dão sustentação, algumas dessas propostas elencadas não
condizem com o projeto de sociedade que almejam.
Retornando a proposta do Plano Estadual de Educação
que iniciou em 2013, segundo informações da Secretaria da Educação, finalizada
a proposta preliminar, a mesma será encaminhada para o Conselho Estadual de
Educação e o Fórum Estadual para fazer as análises necessárias, que depois de
pronta a secretaria sistematizará as propostas, que serão encaminhadas ao
governo e a casa civil. Com a conclusão das etapas, o texto definitivo será
entregue a Assembleia Legislativa, para averiguação e inclusão de emendas,
seguindo para a Assembleia Legislativa onde possivelmente será votada no final
de 2015. Nota-se que durante toda essa tramitação em nenhum momento se falou em
ouvir a opinião da categoria ou quem sabe a promoção de um grande debate
público para expor de forma detalhada todos os pontos relativos ao plano.
Destacou também o secretário de que o Plano
de Carreira do magistério já está na sua fase conclusiva e que deverá ser
enviado à Assembleia Legislativa até o final deste ano para votação. Na opinião
do secretário em relação ao plano de carreira, o mesmo argumentou que “se
for implementado vamos voltar a dar a devida valorização aos profissionais que
têm titulação mais alta, recebendo reajustes salariais”. O que se quer,
na verdade, é a reimplantação do plano de carreira anterior, cujos percentuais
por níveis, nele estabelecido, equiparariam de forma justa as remunerações
equivalentes entre os iniciantes e os que estão em fim de carreira. Se há
indícios de um novo projeto de plano de carreira em construção e que deverá ser
encaminhado à assembleia legislativa para votação, tudo indica que novas
alterações estão sendo feitas no plano, visando compensar uma possível
descompactação da tabela salarial, proposta pelo governo.
Diante da notícia de que o projeto do PEE
seria enviado à assembleia até o final deste ano para votação, o Sinte junto
com o Fórum Estadual pressionaram o governo para que fosse prorrogada a data
com intuito de discutir com a categoria o plano. Concordando com os argumentos,
o governo estendeu o prazo para o mês de março do próximo ano, ou seja, cinco
meses (novembro, dezembro, janeiro,
fevereiro) para que os professores conheçam e discutam a proposta. Como
promover o debate nas escolas sabendo que o recesso escolar inicia agora em
dezembro, retornando as atividades na metade do mês de fevereiro. É possível
reunir todos os educadores num prazo de quinze dias, como se pretende, para
debater todos os pontos que estão inseridos na proposta preliminar do Plano
Estadual de Educação? Talvez a aceitação da prorrogação do prazo pelo governo,
foi pelo fato de que ele bem sabia que dificilmente os trabalhadores da
educação teriam tempo suficiente para sua discussão.
O fantasma da meritocracia foi abordado pelo
secretário, segundo o jornal digital Notícias do Dia, de 04 de novembro de
2014. Relatou que será implementada a política de premiação de professores da
rede pública, cujo dispositivo que servirá de parâmetro é o IDEB (Índice de
Desenvolvimento do Ensino Básico). Se tal sistema de avaliação for realmente
implementado, milhares de escolas e professores ficarão sob a mira do governo
pelo fato dos resultados obtidos pelo IDEB dificilmente atingirem os índices
desejáveis. Em Santa Catarina poucas são as escolas públicas que apresentam uma
boa infraestrutura que possibilite os profissionais da educação a desempenharem
com desenvoltura suas funções. Para comprovar tal afirmação, basta acessar os
relatórios do IDEB dos últimos anos. São ridículos os resultados. Além do mais
o próprio IDEB é um instrumento artificial que busca avaliar apenas aspectos
inerentes à sala de aula, excluindo do processo todo um conjunto de elementos
extraclasse que direta e indiretamente interferem no processo de ensino.
Não é possível ter bons resultados no IDEB, e
por consequência a valorização dos profissionais, quando na maior parte das
escolas públicas nada funciona, salas de informáticas improvisadas; espaços
inadequados para prática de educação física; banheiros com equipamentos
quebrados; goteiras por todos os cantos; teto caindo; cupins devorando livros
nas bibliotecas; etc. É uma afronta à categoria e a própria sociedade
catarinense, se realmente a meritocracia for implantada na rede pública
estadual de ensino. Antes de pensar nesses absurdos, deveria o governo
recuperar todas as escolas sucateadas, oferecendo condições para que todas
tenham chances iguais de promover uma educação com qualidade. É inadmissível o
argumento de que falta dinheiro para tais investimos, pois como se sabe o
governo federal disponibilizou cerca de 8 bilhões de reais para o governo
Colombo, como forma de obter seu apoio para a sua reeleição. Onde está o
dinheiro e porque não está sendo aplicado na melhoria das estruturas de ensino
do estado?
O que é estarrecedor, além da proposta da
meritocracia, é a notícia de que o governo irá, nos próximos dias, lançar as
plataformas Online dos professores e estudantes, em que os pais poderão acessar
as notas de avaliação e o histórico das escolas dos cerca de 550 mil estudantes
da rede estadual. O que isso significa? Significa que os responsáveis poderão
comparar as notas do IDEB de diferentes escolas e optar por matricular seu
filho naquela cujo resultado for melhor. Digamos que uma escola da rede pública
municipal, cujas salas possuem quadros digitais acoplados a potentes
computadores, com sistema de internet rápida, bibliotecas com excelente acervo
bibliográfico, as possibilidades de terem melhores resultados que as menos
aquinhoadas, são maiores.
Portanto,
sobre a avaliação por desempenho, dispositivo inserido no plano que segundo o
governo refletirá na melhoria da remuneração dos profissionais, é
inquestionável que tal medida tem por estratégia manter um rígido cerco sobre
os educadores, punindo de um lado os “maus” professores, os questionadores, que
não se enquadram às regras estabelecidas, e premiando os “bons profissionais”,
os obedientes, que tudo aceitam como garantia de certas benesses. Isso já
ocorre em muitas das escolas públicas, cujos gestores, que exercem cargos de
confiança, por indicação política, vêm se comportando como verdadeiros
déspotas, levando terror aos professores ACTs e demais servidores, que se
sentem acuados e assediados moralmente.
Durante as campanhas eleitorais, tais gestores, como de costume, se
transformam em cabos eleitorais de candidatos ao legislativo da base
governista, especialmente de quem o indicou ao cargo, promovendo no interior
das escolas verdadeiros arrastões, ameaçando funcionários de demissão caso não vote
no candidato indicado.
Poucos são os estados brasileiros que ainda
adotam o sistema de gestão escolar por indicação partidária. Esse é sem dúvida
um dos motivos pelo qual vem contribuindo para que poderosas forças
oligárquicas continuem se perpetuando no poder há décadas. É, sem dúvida, um
sistema eficiente de perpetuação de grupos políticos hegemônicos tradicionais,
que dificilmente serão execrados, mesmo sabendo que a constituição catarinense
no seu artigo 162, VI, determina que as escolas públicas estaduais devam
promover políticas de gestão democrática. O estado, na década de 1990, algumas
escolas vivenciaram experiências singulares de gestão democrática, encabeçadas
por educadores combativos, porém, não tiverem sequência devido a forte
repressão dos governos, perseguindo e desarticulando os focos de resistência às
regras estabelecidas. Como estão essas escolas hoje? Quem está lutando por ela?
O Plano Nacional de Educação sancionado em
junho de 2014 pela Presidente da República, não avançou no quesito gestão
democrática, cuja bandeira de luta da categoria era fazer valer a participação
de todos os seguimentos sociais no processo de escolha dos gestores. A Meta 19 do plano assegura condições, no prazo de dois
(dois) anos, a efetivação da gestão democrática da educação, que deverá estar associada
a critérios técnicos de mérito e desempenho e consulta pública à comunidade
escolar, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto. Quando se fala em
critérios técnicos e mérito se subtende que daqui para frente os gestores de
todas as escolas deverão comprovar competência para tal função, sendo
referendado pela comunidade escolhendo a proposta que melhor se adeque aos seus
anseios.
O governo de Santa Catarina na
certeza que tal meta lhe era conveniente surpreendeu a todos com o lançamento do
decreto
n. 1.749/13 no qual regulamenta a política de escolha dos gestores das
escolas públicas do estado de Santa Catarina. É bom que se diga que o uso de
tal prerrogativa, o decreto, sempre foi uma prática dos governos militares,
quando do fechamento do congresso. Outro aspecto a considerar em relação ao
decreto é que a qualquer instante pode ser suprimido ou alterado, seguindo
prerrogativas do próprio governo. O caminho correto para tratar desse assunto
seria a elaboração de uma lei específica, como prevê o art. 14 da LDB. Um
projeto de lei federal e dois estaduais tramitam em ambas as casas para definir
critérios relativos ao processo de escolha dos gestores escolares. Em âmbito
federal, a proposta de regularização do artigo da LDB partiu do Deputado
Federal Pedro Uczai, PT, que em 2013 apresentou projeto n. 5.604 no qual prevê
a participação da comunidade escolar na escolha dos diretores e demais
integrantes do sistema de gestão das unidades de ensino.
Em Santa Catarina, dois
projetos ideologicamente distintos tramitam na Assembleia Legislativa. Um é da
deputada estadual Luciana Carminatti, do PT, e outro do deputado Gelson Luiz
Merízio, do PSD. O curioso é que a proposta de Merísio, deputado do mesmo
partido do governador, muito se assemelha com o que o decreto estabelece, ou
seja, o interessado à vaga deverá comprovar participação de duzentas horas de
curso de treinamento para o exercício da função de diretor. O Sinte discorda do
item que obriga a necessidade do computo de horas para concorrer à vaga, porém,
defende que o curso seja garantindo para os gestores eleitos.
Dificilmente esse item pode sofrer
alteração, pois o governo se coloca irredutível, fechando as portas para
qualquer discussão ou negociação com a categoria. A movimentação e as
articulações nas escolas públicas estaduais se iniciaram quando no decreto estabelece
que os atuais diretores poderiam, num prazo de 150 (cento e cinquenta dias),
apresentarem plano de gestão para 2015 como forma de se manterem no cargo até a
realização das eleições. Há fortes indícios que tudo será feito para garantir
as vagas de diretor, pessoas alinhadas às políticas do governo, que não
promovam transformações significativas no processo de gestão e políticas
pedagógicas.
A proposta de gestão
democrática, da deputada Luciana Carminatti, embora encontre ressonância junto à
categoria, dificilmente terá respaldo dos deputados da próxima legislação, na
sua maioria vinculados a base de apoio do governo reeleito. Mesmo sabendo das
dificuldades de aprovação, a proposta da deputada Carminatti deve ser
considerada, por relevar bandeiras históricas reivindicadas pela categoria, uma
delas a participação direta da sociedade na escolha dos diretores. Sua proposta
permite a escolha direta para diretores, permitindo que o posto de vice-diretor
fique a critério do diretor. Assegura que o período de gestão seja de dois
anos; que a escola tenha autonomia financeira, cujos recursos sejam
administrados pelo diretor, entre outras atribuições.
Em assembleia do Sinte
Regional ocorrida em 06 de novembro de 2014, nas dependências do Anfiteatro
Célia Balizzario, o coordenador estadual da entidade deu alguns informes acerca
do pacote que o governo do estado está preparando para a categoria. Nada do que
vem sendo cogitada pela imprensa e especialmente a dita reportagem reproduzida
pelos jornais no dia 15 de outubro, dia do professor, prometendo atender as
reivindicações da categoria, não procede. Segundo o coordenador, tudo que vem falando é
especulação, que não existe nada concreto sobre regência, triênio, concurso,
entre outros. O que se sabe é que o secretário está observando a reação da
categoria acerca das notícias ventiladas pela imprensa.
Atualmente o estado possui no
seu quadro profissional, 66.500 educadores. Desse total, 19,600 são ACTs,
22,400 efetivos e 24,500 são aposentados. Em relação aos professores que
participaram do concurso de efetivação entre 2004 e 2005, alguns professores
que não foram chamados entraram na justiça e tiveram ganho de causa. A pressão
é para que os cinco mil aprovados sejam também efetivados, pois a validade do
concurso termina no dia 29 de novembro desse ano. Há discussões também para que
o governo promova novo concurso, proposta aceita pelo Sinte, porém, essa ideia
não é consenso entre os aprovados, que alegam ter pagado as taxas de inscrição,
que passaram no concurso, etc., etc. É um argumento um tanto quanto
individualista, não avaliando que um novo concurso poderia lhe garantir mais
vantagens que o anterior. O Sinte propõe que caso se realizado novo concurso,
que se faça uma investigação sucinta de todas as vagas excedentes por escola,
para poder acompanhar o processo. O que é estarrecedor é que a própria SED não
tem conhecimento seguro do quadro de vagas existentes.
Voltando a discussão acerca
do último concurso, discorreu o coordenador que o próprio governo reconheceu o
erro cometido quando determinou que os aprovados devessem acessar com carga
horária de dez horas. Na medida em que o professor é efetivado com apenas com
dez horas, lhe é forçado a complementar o restante das horas em outra escola.
Houve inúmeros casos de professores que acessaram solicitando licença para
tratamento de saúde, incorrendo ao governo a contração de ACTs para suprir às
vagas, dispendendo muitos gastos. No entanto, para o governo tornaria mais barato,
a promoção de um novo concurso, cuja carga hora seria de vinte horas.
Outro ponto debatido foi em
relação ao segundo professor, que tal categoria não consta no estatuto do
magistério. Portanto está alheio a todos os direitos garantido aos demais
profissionais, que foi criado o cargo para atender uma necessidade. Sendo
assim, não há definições claras acerca do seu papel na escola, que em muitos
casos vem assumindo a função de babá do estudante especial. É preciso,
portanto, forçar o legislativo à criação de lei específica para regular esses
profissionais, bem como aqueles profissionais que atuam nos laboratórios de
informática, que sofrem o mesmo drama. Quanto ao Plano Estadual de Educação,
foi relatado que o governo tinha pretensão de encaminhar proposta definitiva no
dia 14 de outubro, que o Sinte recusou de encaminhar qualquer proposta de
emenda alegando pouco tempo para promover o debate com a categoria. Discordou
da metodologia adotada pelo governo, quando da realização dos debates do plano
com algumas entidades e pais, excluindo os trabalhadores da base, que tiveram e
não tem conhecimento do que está contido no texto. Concorda também que faltou
mobilização do Sinte estimulando todos os professores participarem dos
encontros ocorridos.
Em âmbito federal, o plano
ficou engavetado quatro anos na câmara, depois da realização da Conae 2010. Que
com sua aprovação em junho desse ano, os estados e municípios têm até junho do
próximo ano para elaboraram os seus planos. Acontece que algumas regionais
discutiram nas escolas, porém, devido a sua complexidade e o pouco tempo
disponibilizado, pouco se avançou. Alguns municípios não realizaram suas
conferências como determinava a lei, optando por encontros intermunicipais, com
público reduzido. O sinte repudia a maneira como vem sendo conduzida a
discussão do plano, que não deveria ser o Fórum Estadual, de maioria
governista, que tem que liderar a mediação, sendo, portando, papel do
Estado.
Quanto ao Conae 2014, a ser
realizado entre os dias 19 a 24 de novembro, os delegados que participarão
serão os que foram os sorteados na Conferência Estadual do Conae 2013. O que é pior é que esmagadora parcela
dos educadores não tem ideia de quem são os delegados que irão representa-los e
sua relação o governo. É preciso discutir nas escolas o plano, conhecendo seu
teor e os impactos à profissão docente. A partir daí é fundamental mobilizar a
categoria, sair à rua, pressionar os deputados para não votarem o texto sem a
inclusão das do Sinte. Como sempre ocorreu na história do magistério público
estadual, as poucas conquistas obtidas pela categoria como o próprio
cumprimento da lei do piso, sempre foram mediante batalhas árduas e longas
greves. De repente, como num passe de mágica vem a público informando do
decreto que inovará a educação, afirmando que todas as escolas, estudantes,
professores e a comunidade participarão da escolha dos seus gestores. Porém,
essa dita gestão democrática seguirá alguns critérios um tanto quanto
questionáveis, pois para ter direito ao cargo, os candidatos deverão comprovar
participação em cursos de gestão, bem como apresentar projeto à secretária da
educação, que avaliará e escolherá o mais completo.
Prof. Jairo Cezar
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