Estudantes
e professores (as) da Escola de E. Fundamental Padre Antônio Luiz Dias, do
Baln. Morro dos Conventos, Araranguá/SC visitaram o Parque Aparados da Serra, no Município de
Cambará do Sul/RS.
Dando
sequência as etapas do projeto “Unidade de Preservação: uma proposta
socieducativa para o desenvolvimento econômico sustentável do Balneário Morro
dos Conventos”, que está sendo desenvolvido pela Escola de Educação Fundamental
Padre Antônio Luiz Dias em parceria com a Oscip Presererv’Ação, 23 estudantes
das sétimas e oitavas séries e quatro professores estiveram sexta feira, 11 de
outubro de 2013, visitando o Parque do Itaimbezinho, situado no município de Cambará
do Sul/RS, cujo objetivo foi ampliar os conhecimentos sobre unidades de
conservação e buscar subsídios para aprofundar a proposta que está sendo cogitada
para o município de Araranguá.
Quando
se chegou ao parque o grupo seguiu uma trilha de cerca de três quilômetros se posicionando
num mirante conhecido por Trilha do Cotovelo. No local foram recepcionados por
um guia ou condutor que durante uma hora aproximadamente fez amplo relato da
atual situação estrutural do parque, e o papel dos condutores para garantir aos
visitantes um passeio seguro, rico de informações, conhecimentos e curiosidades.
De acordo com seu relato, o parque Aparados da Serra possui foi criado em 1959,
portanto possui mais de cinqüenta anos de existência, porém, foi no final da
década de 1990 que foram sancionadas normatizações estabelecendo critérios
quanto ao seu manejo garantindo acesso à visitação sem impactar o ecossistema
local.
Um
dos principais desafios do parque é em relação as propriedades particulares situadas
nos seus limites, muitas delas já indenizadas há anos, porém, por falta de
documentações comprobatórias, os proprietários ou herdeiros brigam na justiça
por novas avaliações e indenizações. Há casos como a área onde está situado o
Cânion do Fortaleza, onde apenas um proprietário possui dez mil hectares de
terras, e cujos acordos visando a desapropriação da propriedade estão muito
longe para ser solucionado.
Portanto,
tudo leva a crer que o problema irá se arrastar por longos e longos anos. É decorrente
desse imbróglio jurídico que o parque vem atualmente passando por situações de dificuldades,
impossibilitado de fomentar reparos ou melhoramentos devido aos embargos
impetrados na justiça. Destacou o condutor que muitas trilhas estão fechadas
devido aos impasses judiciais. Se estivessem disponibilizadas proporcionariam
aos visitantes opções de trilhas que durariam cerca de uma semana para
concluí-las sem repeti-las.
E
para agravar ainda mais, no mês de julho desse ano, o parque foi atingindo por
incêndio que destruiu extensa área de vegetação e espécies da fauna. Não há
duvidas que o ato tenha sido criminoso, ressaltou. O problema da caça criminosa
é outro problema ainda a ser enfrentado. Não há fiscalização suficiente para
cobrir todo parque e autuar os (as) infratores (as). Fora esses detalhes
negativos, o parque recebeu em 2012 aproximadamente 120 mil visitantes, procedentes
do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e de outras regiões brasileiras como São
Paulo, Minas Gerais. É um número bem expressivo considerando também as
dificuldades de acesso, pois a principal rodovia que faz ligação, ainda não
está pavimentada dificultando o deslocamento de carros e ônibus.
Destacou
que o parque se constituiu graças a sua formação geomorfologia, ou seja, do
extraordinário derramamento basáltico ocorrido há cerca de 230 milhões de anos,
que somada as peculiaridades climáticas e outros fenômenos como o inteperismo
das rochas resultaram nos inúmeros Cânions, únicos desse gênero no planeta. São
esses atributos singulares que visitantes e turistas procuram conhecer. Sendo
assim, é necessário edificar nas escolas outra cultura que oportunize a
valorização de ambientes complexos como esses, que além das belezas cênicas ou
visuais oferecidas, proporcionam
momentos de absoluta fascinação, sintonia e interconexão com o cosmo e
demais elementos da natureza.
Foram
essas habilidades sensitivas que estudantes e professores (as) adquiriram quando
transitaram pelas trilhas do parque, com várias paradas técnicas para
mostrá-los (as) espécies endêmicas e curiosas da flora como os xaxins
centenários; erva-mate rústica; brinco de princesa considerada flor símbolo do Rio
Grande do Sul; goiabeira brava; capim criciúma; o pinheiro ou araucária; as
minúsculas orquídeas vermelhas; o fungo avermelhado presente nos troncos das
árvores que demonstra a pureza do ar, entre outras tantas. Além, é claro, de
espécies invasoras trazidas pelo homem e animais, bois e vacas que transitam
livremente pelo parque provocando impacto ao ecossistema local. Ficou claro a
todos (as) presentes que a atuação do (a) guia ou condutor (a) nas unidades de
conservação como, por exemplo, o parque visitado, o (a) profissional deve demonstrar
vasto conhecimento geral, competência, sensibilidade e, acima de tudo, respeito
a todos os elementos que compõem a natureza.
A
presença desse (a) profissional é imprescindível para garantir a quem visita o
parque ou qualquer outra unidade de conservação um passeio seguro. Os (as)
condutores (as) que atuam na região, segundo o guia entrevistado, tiveram sua
formação na Escola Técnica Federal de Santa Rosa do Sul, muitos (as) dos (as)
quais vinculados (as) a ACONTUR, associação na qual é pioneira no sul do Brasil,
porém, seus (as) integrantes não são ainda reconhecidos (as) como
profissionais. Ressaltou que os condutores (as) são divididos (as) em duas categorias, os (as) guias locais e os
(as) regionais. Os (as) locais são os (as) que possuem treinamento específico
para exercer o trabalho num determinado local e com amplo conhecimento das especificidades ali existentes, enquanto
que o regional sua formação lhe dá condições para atuar em qualquer região do Brasil.
Foram
essas e outras instigantes informações que todos (as) trouxeram na bagagem
quando retornaram da visita realizada no parque. Era visível no olhar dos (as)
que lá estiveram grato sentimento de entusiasmo quanto a tudo que virem e
ouviram. Talvez alguns/algumas ali presentes tenham percebido que o Balneário
Morro dos Conventos, guardando algumas ressalvas, apresenta igual ou maior
qualificação para se transformar em um dos destinos de maior atração turística
do sul de Santa Catarina, gerando emprego e renda à população do município. Além
do magnífico monumento geológico, que é um testemunho da serra geral, outros
atrativos importantes poderão compor o roteiro do balneário Morro dos Conventos
como o cinqüentenário farol construído há mais de cinqüenta anos; o hotel; os
sítios arqueológicos sambaquianos; a furna marinha; a foz do rio Araranguá, cuja
água muda de cores ao longo do dia. Sem mencionar as belezas cênicas e o rico
acervo cultural das comunidades tradicionais ali situadas há mais de cem
anos.
Se o
Parque dos Aparados da Serra com todas as dificuldades apresentadas recebeu em
2012 cerca de cento e vinte mil visitantes, com a unidade de preservação
estruturada no balneário expressiva parcela desses turistas poderia ser atraída
para cá movimentando a economia local. O que se constata quanto se debate temas
como o turismo regional, isso inclui os municípios da Amesc e Amrec, é a
dificuldade dos gestores públicos de vislumbrarem as potencialidades oferecidas
e o impulso que daria à região, ainda mais com a conclusão da duplicação da
BR-101 e dos trechos restantes das rodovias das Serras do Faxinal e Rocinha.
Sem contar os eventos esportivos previstos para os próximos anos como a Copa do
Mundo em 2014, com duas sedes no sul do Brasil, uma em Porto Alegre e outra em
Curitiba, com o trânsito obrigatório de milhares de turistas pelo território
araranguaense, que dificilmente irão parar por falta de opção.
É
inadmissível acreditar que paralela as obras de infraestrutura em andamento e
outras em vias de licitação, a região do vale do Araranguá continua tratando o
turismo como tema secundário dando total cobertura para a atração de empresas
tradicionais que comprovadamente pouco emprego gera. Onde estão as políticas de
fomento ao desenvolvimento regional coordenadas pela Secretaria de Desenvolvimento
Regional de Araranguá, em especial ao projeto Geoparque: Caminho dos Cânions
Sul? Por que nos últimos tempos não se ouviu mais comentários acerca desse
assunto, sendo uma proposta realmente instigante para impulsionar
o turismo sustentável na região? Não seria mais uma das tantas promessas e políticas
inconclusivas da secretaria regional, não levadas a frente tanto pela indisposição de recursos como pela incapacidade
de gestão dos que são indicados para coordenar a pasta?
O
que é preciso ser feito é desconstruir conceitos negativos como o que
estabelece a região do extremo sul como uma das mais atrasadas economicamente em
relação ao restante do estado. A causa, certamente, não estaria na falta de potencialidades
para ativar a economia regional. É inquestionável e é de conhecimento de todos
(as) que a região apresenta especificidades que a distingue das demais regiões
como o fabuloso e diversificado potencial turístico, cuja distância média de
cinquenta quilômetros proporciona aos turistas duas opções de lazer bem distintas,
os Cânions dos aparados da serra e as inúmeras praias como a do Balneário Morro
dos Conventos.
Como
dinamizar tudo isso? A resposta estaria numa transformação cultural profunda a começar
pela reciclagem político administrativa, ou seja, excluir definitivamente da
vida pública personalidades alojadas no poder há décadas, que se nutrem da
miséria econômica e cultural de uma população que somente é lembrada de quatro
em quatro anos. Não há como vislumbrar horizontes econômicos baseados na
sustentabilidade preservando as mesmas estruturas políticas arcaicas que
dependem desse atraso para se perpetuar no poder. Pensar em turismo vai além do
ato de construir um portal estampando mascote ou algum símbolo relevante do
município. É um assunto que exige dos gestores públicos e dos demais envolvidos
no turismo para a região da AMESC, conhecimento, profissionalismo e,
principalmente, sensibilidade. Se tais critérios forem considerados em
detrimento político, seguramente estaremos trilhando o caminho que transformará
o sul de Santa Catarina em uma das mais prósperas do estado.
Prof. Jairo Cezar
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